REBAIXADA, VIRADOURO PASSA POR CRISE E PRESIDENTE JÁ PENSA EM RENUNCIAR.
COM DÍVIDAS E OBRIGADA A DEIXAR A CIDADE DO SAMBA, ESCOLA VIVE SEU PIOR MOMENTO EM 20 ANOS.
Rio - Dois meses após ser rebaixada para o Grupo de Acesso, a Viradouro vive sua pior crise em 20 anos, tempo que ficou no Grupo Especial. Obrigada a sair da Cidade do Samba, conforme previsto no regulamento da Liesa, a escola não tem sequer dinheiro para fazer a mudança. Entre os profissionais da agremiação, ninguém sabe ao certo quem está mantido para o Carnaval 2011. A incerteza aumenta ainda mais com a possibilidade de saída do presidente Marco Lira, que enfraquecido politicamente, já pensa em renunciar ao cargo.
O dirigente já retirou seus objetos pessoais do barracão e estaria planejando deixar a presidência após o feriado do dia 23. Em caso de renúncia, o vice-presidente da Viradouro e irmão de Marco, Guto Lira, teria um mês para convocar novas eleições. Nos bastidores, comenta-se que Júnior Guimarães, filho do ex-presidente da Liesa Capitão Guimarães, seria um dos candidatos interessados em assumir o posto. Entre integrantes da comunidade, o nome de Luma de Oliveira, que chegou a lançar chapa no último pleito, ocorrido há dois anos, também está ganhando força. A família do bicheiro José Carlos Monassa Bessil, ex-patrono da escola falecido em 2005, também poderia indicar um
Marco Lira (D) não é visto em público desde a apuração | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Após ficar um tempo internado no Hospital das Clínicas de Niterói em março, Marco Lira tem evitado falar sobre o assunto. Segundo sua esposa, Mônica Lira, ele dará as explicações em breve. A primeira-dama, no entanto, desconversa quando o assunto é a renúncia. "Quando o Marco estiver disposto, ele falará. Só ele pode falar sobre esse negócio de renúncia". Procurada pelo Dia na Folia, a assessoria de Luma de Oliveira informou que ela ainda não foi procurada por ninguém da Viradouro e que não irá se pronunciar sobre a crise na agremiação de Niterói.
Viradouro sem prestígio na Liesa
Nas reuniões da Liesa, o presidente Marco Lira não é visto há meses. Integrantes da diretoria da entidade não escondem a insatisfação com o fato de nenhum representante da vermelho-e-branco frequentar os encontros. A última saia-justa aconteceu na última quarta-feira, quando a escola não enviou ninguém para receber os cadernos com as justificativas dos jurados.
A crise política pode comprometer o desfile de 2011, já que até o momento somente o carnavalesco Jack Vasconcelos, que foi contratado após o Carnaval, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira Robson e Ana Paula estão confirmados na escola. Na semana passada, o coreógrafo Sérgio Lobato deixou o cargo e criticou a diretoria. O intérprete Wander Pires é outro que pode sair.
Torcedores protestaram por causa do rebaixamento e pediram a saída de Lira no Carnaval | Foto: Alex Slaib / A Tribuna
"Estou com vontade de permanecer, mas não sei como o presidente vai resolver as coisas. Estou aguardando uma posição, mas não posso esperar muito tempo. Se a escola está numa fase ruim é o momento de todos se ajudarem", revela Wander.
O carnavalesco Jack Vasconcelos admite que teve três conversas com Marco Lira, no entanto, ainda não conseguiu estar com a diretoria para propor o enredo de 2011. "O presidente me deu liberdade para criar e disse que não acredita mais em enredo patrocinado. Sei que a escola está num momento delicado, mas acho que é hora de quem está afastado se aproximar. O rebaixamento pode ser para a escola encontrar suas raízes", opina.
"Crise já era esperada", diz ex-intérprete
Fora da Viradouro desde 2008, o intérprete Dominguinhos do Estácio lamenta o problema político, mas diz que a crise já podia ser notada há algum tempo. "Isso já era esperado. Os componentes já sabiam que a escola não estava bem e não é de hoje. Infelizmente o caos aumentou e a coisa chegou nesse ponto. A comunidade é maravilhosa e não merece passar por isso. O presidente é uma boa pessoa, mas não conhece carnaval", avalia.
Para o veterano intérprete, Marco Lira deveria tentar uma coalização de forças. "Antes do Marco Lira pensar em renunciar ele deveria tentar unir a escola. Chama a Luma de Oliveira, o filho do Capitão Guimarães e a família do Monassa para conversar e decidir o que pode ser feito para ajudar a escola. Todos devem fazer isso por amor à escola, sem briga", completou.
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